Parlamentar, diz que Brasil deve se manter unido ao mundo na defesa da liberdade e democracia

Confira a íntegra do discurso:
Cumprimento os senhores componentes da Mesa — já nominados por mim na abertura desta sessão —; cumprimento as senhoras e os senhores participantes das três Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica; cumprimento as filhas e os parentes de ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira e das forças da Marinha e da Aeronáutica, que estiveram presentes em tantos eventos que ocorreram durante a Segunda Grande Guerra Mundial.
Estamos aqui neste plenário da democracia, que se chama Ulysses Guimarães, um dos paladinos da democracia brasileira, o homem a quem foi confiada a transição política. Junto de Tancredo Neves, Montoro e José Richa, eles fizeram a transição pacífica entre o regime militar e o regime civil, depois de um período em que foi necessária a intervenção.
Neste momento histórico, em que comemoramos os 80 anos da participação dos pracinhas no final da Segunda Guerra Mundial, eu quero fazer uma alusão à história das nações, que é uma luta contra a opressão.
Viemos de regimes oligárquicos, ditatoriais, de déspotas, de reis, de rainhas, de ditadores de todas as espécies, e, no século XX, experimentamos o amargor do amargor. Quando a civilização estava crescendo, evoluindo, forças ideológicas como o nazismo, o fascismo, o comunismo, ditadores de todas as espécies, de extrema direita e de extrema esquerda assumiram países importantes, infelicitando as nações, os povos e o mundo. Também enfrentamos, nos séculos XIX e XX, a ascensão de radicais religiosos. E, ao chegar ao século XXI, ainda temos o ranço, o mau cheiro dessas ideologias falidas. Todas faliram, porque todas oprimiram o ser humano.
A liberdade, o direito de ir e vir, o direito de expressão são sagrados, são incontestes na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada a partir da constituição da Organização das Nações Unidas, logo após a Segunda Guerra Mundial. Em pleno século XXI, presenciamos resquício deste nojo presente em alguns líderes que tutelam nações importantes do mundo e oprimem o seu povo, com guerras internas e externas, com bombardeios, com mutilações, através do uso da mais sofisticada tecnologia, matando civis e crianças em todos os cantos do mundo. Nossa força militar brasileira resistiu e resiste bravamente a essas ideologias falidas.
Quero parabenizar os comandantes das Três Armas pelo alto saber e compromisso primeiro com a Nação e com a Pátria. Nunca se rendam, nunca se rendam! Aqui fica a palavra amiga de quem está na política, mas também serviu ao Exército e à Pátria brasileira.
Nós somos testados constantemente, quase sempre à margem do arrepio da lei e da Constituição, mas passou. Estamos aqui para comemorar a democracia, a liberdade de expressão e a liberdade de ir e vir. O Brasil é uma democracia imperfeita, mas é uma democracia. Como disse muitas vezes o comandante-chefe da Segunda Guerra Mundial das Forças Aliadas, Winston Churchill: "A democracia é o pior de todos os sistemas, exceto todos os outros".
Nos regimes ditatoriais, despóticos, as expressões mais ilustres não ascendem, só os apaniguados, só os "qi", os indicados, por isso eu amo a democracia. O processo pode não ser perfeito, mas é nosso; o erro é nosso, o erro não é de outros; e os acertos também são nossos. E nós resistimos bravamente a todos.
Neste momento, eu quero que o Brasil se pacifique. Do outro lado da rua, está acontecendo algo que toma toda a atenção do País. Neste lado do Parlamento, que é a Casa da democracia, que elabora leis, que fiscaliza, acontece a libertação do País. E assim poderá ser nos anos futuros, com o fim dos governos ditatoriais. Mesmo no regime presidencialista republicano, nós temos que conter a força, a fúria dos governantes.
O presidencialismo, criado nos Estados Unidos, está falido. O que sobrevive? Um misto entre parlamentarismo e presidencialismo, divisão dos poderes, assim como na concepção da primeira constituição registrada do mundo dos ingleses, lá em mil e duzentos e pouco, quando se tirou o poder do rei e dividiu-o com o Parlamento lá na Inglaterra. É o que precisa ser feito. "Ah, mas o Parlamento é isso e aquilo", mas é a expressão do povo, pode vir do jeito que vier.
Como todos que estão nas Forças Armadas, nós viemos do povo, somos do povo. Aliás, a economia de mercado é o povo que produz, é o povo que é empregado nos setores de produção, são donos e são os consumidores. A economia de mercado é para abastecer, alimentar, sustentar o nosso País. Trata-se de uma economia de mercado democrática, não uma economia de mercado comunista, capitalista como a da China, que tem um viés totalmente equivocado do mundo ocidental. Enriquece, sim, mas sob o jugo, sem liberdade, sem poder se expressar, sem poder ir e vir.
Nós aqui progredimos pouco, mas a nossa Nação brasileira é composta de todas as nações do mundo. Nós temos africanos, europeus, asiáticos e os nossos nativos que se juntaram e formaram uma nova civilização, que ainda não está pronta, pode levar um ou dois séculos, mas é uma nova civilização na história da humanidade de mais de 10 mil anos de existência registrada.
Somos uma Nação cristã, regida por nosso Senhor Jesus Cristo, pela Bíblia, pela palavra de Deus, do Antigo e do Novo Testamento. É isto que nós defendemos, os valores da vida, da concepção ao último suspiro.
Eu aproveito esta sessão para dizer aos meus irmãos patrícios que o Brasil deve continuar com a democracia, buscando aperfeiçoá-la. O voto tem que ser distrital, misto ou puro; o sistema de governo tem que ser misto, presidencialismo com parlamentarismo.
O Trump provou que não adianta ter um país rico, poderoso — o mais poderoso da história da humanidade, o mais rico da história da humanidade —, se todas as decisões estão nas mãos de uma pessoa. Um país que tem os maiores intelectuais, a maior representação política do mundo, a maior democracia do mundo, está nas mãos de uma pessoa. Pensem, não é correto.
Estamos no século XXI e ainda sucedem governantes defensores de ideologias falidas, sem plano. A miséria continua, o homicídio continua o maior de todos os tempos. Há mortalidades de toda espécie, falta dinheiro para tudo. Temos um país rico, poderoso, com alto potencial de produção, tudo o que você cavucar na terra, você acha, todos os minerais, acha-se tudo.
Caríssimos irmãos compatriotas, eu não me conformo que a minha geração não conseguiu fazer essa mudança. Mas os jovens Parlamentares estão aqui — gostaria tanto que o Presidente Hugo Motta estivesse aqui — para fazer essas mudanças.
Eu defendo que a anistia só deve ser dada àqueles do 8 de janeiro, só; os outros que esperem um bom tempo. Os do dia 8 de janeiro foram massa de manobra e merecem a anistia, claro, modulada, quem aprontou, quebrou e depredou tem que pagar, mas não na cadeia, com pena pecuniária e comunitária, serviço comunitário para todos verem.
Deixo, então, nossa homenagem aos 470 pracinhas que faleceram nos campos da Itália, aos que faleceram no mar, aos civis da Aeronáutica, enfim, a todos que faleceram por conta desses acontecimentos. Rendo nossa homenagem a vocês e, principalmente, aos familiares e aos 25 mil pracinhas que foram para a Itália.
Quando se olha o mapa da tomada de Monte Castelo, na Itália, veem-se todas as forças numa seta e, na ponta, as nossas forças; ao lado direito e esquerdo, os americanos. E nós que fomos para frente, o Brasil foi para frente. Então, há essa honra da nossa participação nos campos da Itália, que é nossa pátria irmã, porque o Brasil tem 34 milhões de descendentes italianos — na minha família tem italianos, africanos, indígenas, alemães, espanhóis, portugueses. Esse é o Brasil, onde a população indígena não foi dizimada. Ela está no sangue da grande parte dos 212 milhões de brasileiros, foi integrada, incorporada com casamentos, com filhos e etc. Então esse é o Brasil moreno, o Brasil maravilhoso.
Deixo as minhas homenagens a todos que se sacrificaram ao longo da sua vida, em especial às Forças Armadas, guardiões da democracia, guardiões. Já experimentamos tudo nesses 200 anos que o Brasil comemorou recentemente, dos quais 135 anos são de República. Já tivemos todo tipo de governo. Tivemos imperadores, tivemos a República, presidentes militares, presidentes civis, populistas, demagogos, corruptos, tivemos de tudo. Mas é a nossa democracia. É ela que eu defendo, pelo voto popular, pela ascensão e queda.
Que Deus, na sua infinita bondade, através do seu filho Jesus e do Divino Espírito Santo, abençoe as Forças Armadas e todos que a compõem, assim como os familiares, os representantes militares no Estado, as polícias militares, civil, a Polícia Federal, para que não caiam no conto das ideologias falidas.
O que vale são homens e mulheres corretos, preparados, dignos, honrados e com capacidade de gerenciar e de governar. Não há plano nacional ideológico, há um plano de partida dobrada, de receita, de despesa, de desenvolvimento, de tecnologia, de humanidade, de preservação da nossa religião cristã e das outras. Somos um país que respeita todas as religiões e, claro, preponderantemente, quase 90% da população é cristã, entre católicos e evangélicos.
Meu abraço fraterno e patriótico a todos vocês. Com muita reverência, com muito amor no coração, digo a vocês: viva os pracinhas! Relembramos, sempre e eternamente, seus familiares.
Viva as nossas Forças Armadas: a Marinha, a Aeronáutica e meu querido Exército brasileiro.
Um grande abraço fraterno do amigo Deputado Hauly!
Fonte: Hauly1920/Agência Câmara